Grupo folclórico e cultural da cidade de Jacobina-BA, Os Cãos surgiram por volta da década de 1940. A idéia inicial partiu do Sr. Valdemar Pereira da Conceição (popularmente conhecido pelo cognome “Fecha Beco”). O grupo foi criado para brincar a Micareta jacobinense de um modo inusitado, além de praticar um verdadeiro “teatro ao ar livre”.
As pessoas que participam do grupo pintam seus corpos com algumas misturas (óleos, corantes, entre outros materiais), além de colocarem chifres sobre suas cabeças, imitando o que seriam os “diabos” ao saírem do inferno. Além desses “diabos”, participam da apresentação um anjo (São Miguel), uma alma que acaba de chegar ao mundo dos mortos (cobiçada pelos Cãos), uma mulher (esposa do diabo-chefe) e o malandro Zé Pelintra (homem de terno branco, cravo na lapela, chapéu sobre os olhos e a tradicional fama de mulherengo, boêmio e praticante de rituais voltados ao culto de Umbanda).
O Grupo dos Cãos conta uma história do mal contra o bem, atuando da seguinte forma: A alma, recém chegada ao mundo dos espíritos, passa a ser cobiçada pelos Cãos, que se unem para levá-la direto para as profundezas do inferno, no entanto, o anjo São Miguel, protetor das almas, luta com todas as forças para impedir que mais uma alma seja movida para o recanto do mal.
Os Cãos apresentam-se normalmente com um pequeno grupo de 15 componentes, porém, em eventos de maior expressão, chegam a se apresentar com o dobro de participantes.
Uma das maiores riquezas do grupo consiste na interação causada com o público presente nas apresentações. Os componentes misturam-se em meio às pessoas e acabam contagiando ainda mais crianças e adultos de todas as idades.
Os Cãos sempre representaram alegria e festa na Micareta de Jacobina, contudo, a maior prova de reconhecimento e prestígio ao seu trabalho veio com o convite para participar da Caminhada Axé de 2007, realizada na cidade de Salvador (capital do estado da Bahia). Após este evento o grupo tornou-se ainda mais conhecido no cenário nacional, sendo convidado para se apresentar no carnaval baiano e também no Museu Afro Brasil em São Paulo, nos dias 20 e 21 de novembro de 2009, representando Jacobina e a Bahia no Dia da Consciência Negra.
